Decorre, na Biblioteca da Escola Josefa de Óbidos, até 13 de maio, a 19ª edição do Festival de Cinema Indie Lisboa, com sessões de cinema destinadas a turmas de 1º e 2º ciclos e integradas na categoria Indie Júnior.
Este ano, os filmes destinados ao 1º ciclo são Um Dia Lá Fora, de Ana Horvat, Croácia, animação, 2021, Guarda de Honra, de Edmunds Jansons, Letónia, animação, 2021, Luce e o Rochedo, de Britt Raes, Bélgica, animação, 2022, Omar e Pincette de Julien Sulser, Suíça, animação 2021, Patrulha e as Sementes de Pára-Quedas , de Clémentine Campos, Inès Bernard-Espina e Mélody Boulissière, França, animação, 2021, e Sozinhos no Elevador de Anastasia Papadopoulou, Grécia, animação, 2021.
Já para o 2º ciclo, temos Contos de Água Salgada, de Alexandra Petit , Antoine Carre, Martin Robic, Rodrigo Goulão de Sousa e Tamerlan Bekmurzayev, França, animação, 2021, Estrelas no Mar, de Seung-Wook Jang, Coreia do Sul, animação, 2021, A Fantástica Competição de Voos, de John Croezen, Países Baixos, animação, 2021, O Fato de Mergulho de Klingert, de Artur Wyrzykowski, Polónia, animação, 2021 e Sons da Realeza, de Filip Diviak, República Checa, animação, 2020.
Os 241 alunos e professores de 2º ciclo que assistiram ao Indie Júnior votaram no seu filme preferido, tendo vencido Sons da realeza (89 votos), seguido de O fato de mergulho de Klingert (59 votos), Estrelas no mar (40 votos), Contos de água salgada (31 votos) e A fantástica competição de voos (22).
Encontro com o ilustrador João Catarino no Jardim da Parada
No âmbito da Bienal Arte & Educação, que se realizará em 2023, a Casa Fernando Pessoa, tendo como mediadora a Biblioteca da Escola Josefa de Óbidos, através da sua coordenadora, envolveu os alunos do 10º B e sua Diretora de Turma, a professora Carmela Mabere, no projeto piloto «Caminhos improváveis».
O projeto procura o desenvolvimento da criatividade e do espírito crítico, proporciona a fruição estética de obras artísticas e procura estreitar laços entre a Escola e a comunidade local, promovendo o conhecimento do património histórico, literário, artístico e cultural do bairro de Campo de Ourique.
Através de visitas de estudo para exploração do bairro, os alunos assinalarão em diários gráficos, através de anotações, registo fotográfico ou desenho, pontos relevantes que farão parte de um mapa coletivo a apresentar e a divulgar no final do ano letivo.
Para esse efeito, a turma e as docentes envolvidas tiveram, no dia 31 de março, no Jardim da Parada, uma sessão de orientação para uso do diário gráfico com o ilustrador João Catarino. As alunas Fabiana Amorim e Beatriz Ferreira realçaram as características invulgares da iniciativa: «Gostei muito (…) porque nos foi possível experienciar novas atividades que normalmente não fazemos.»; «Foi uma experiência divertida, inovadora e diferente. Aprendemos a olhar e a apreciar as coisas de uma maneira completamente diferente da que fazíamos habitualmente.» Para Beatriz Flores, foi uma atividade importante para incorporar a arte», pois «no ensino secundário é raro tê-la em conta.» Já a aluna Emiliya Kikeeva testemunhou o seguinte: «Achei a atividade interessante, porque me mostrou que a arte pode ser criada em qualquer lugar. Mesmo em relação a um parque, que parece um sítio banal, pode-se encontrar uma forma artística de o ver.»
Este projeto está inserido no Projeto Cultural de Escola «Identid’Arte», criado no âmbito do Plano Nacional das Artes.
O Clube de Leitura da Biblioteca da Escola Josefa de Óbidos, destinado a alunos do Ensino Secundário, continua neste período. Após a leitura de O assassinato de Roger Ackroyd, de Agatha Christie, de Jane Eyre, de Charlotte Bronte e de O deus das moscas, de William Golding, desta vez a escolha recaiu na novela gráfica de Art Spiegelman.
Maus (“rato”, em alemão) tem como tema o Holocausto e relata a história de Vladek Spiegelman, pai do autor, sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz. A novela foi publicada em duas partes (a primeira em 1986 e a segunda em 1991), tendo ganho o Prémio Pulitzer em 1992.
A Biblioteca da EBS Josefa de Óbidos organizou, em novembro, duas sessões no Cinema Ideal destinadas a alunos do 3º ciclo e ensino secundário, para visionamento do documentário I am Greta, de 2020, realizado por Nathan Grossman. Merece a pena ver o filme? O aluno Gabriel Avritzer, do 11ºB, explica:
«O filme I am Greta é um documentário que visa relatar a vida de Greta Thunberg, uma adolescente sueca, vítima da síndrome de Asperger, que dá uma lição à humanidade acerca de como lidar com a crise climática. O documentário deveria ser praticamente obrigatório a todos, pois mostra com maestria os problemas do aquecimento global.
A obra cinematográfica consegue claramente captar os sentimentos da protagonista de tal forma que os transmite ao telespectador, causando um efeito abalador. Pela minha experiência, o documentário foi muito impactante, me fez repensar muitas das minhas ações e de alguma forma encarar a crise climática de maneira diferente.
Apesar dos diversos aspetos positivos, houve certas partes do filme que me decepcionaram. Os discursos da Greta perante as Nacões Unidas foram brutalmente cortados, o que, na minha visão, prejudicou o seu impacto e falhou em transmitir a mensagem intendida pela ativista. Além disso, o facto de o documentário ter apenas uma hora e meia fez com que diversas passagens da história da Greta ficassem demasiado resumidas. Isto claramente prejudicou a intenção do documentário de retratar a jornada da protagonista.
Portanto, levando tudo que foi citado em consideração, o longa-metragem conseguiu, para mim, ter um resultado muito positivo. Foi bem sucedido em transmitir os sentimentos da protagonista, o que, na minha opinião, é o principal. Esse filme deve ser visionado por todos, pelo facto de se inserir perfeitamente no contexto atual e tentar de alguma forma consciencializar seus espectadores.»
O Clube de Leitura da BEJO, destinado a alunos do Ensino Secundário, começou em novembro, com uma sessão prévia destinada à escolha de obras a ler neste ano letivo. As sessões são mensais e, assim, para o mês de novembro, foi escolhido um livro da clássica autora de policiais Agatha Christie: O assassinato de Roger Ackroyd. Reunidos na 6ª feira passada, os membros do Clube mostraram-se agradados com a facilidade de leitura da obra e com a imprevisibilidade do desfecho.
Os alunos já têm consigo os exemplares do livro de dezembro: Jane Eyre, de Charlotte Bronte.
Na Rota das 7 Luas, de Teresa Noronha, dia 21/10/21
No passado dia 21 de outubro, a escritora, ativista social e antropóloga Teresa Noronha esteve na Biblioteca da Escola Josefa de Óbidos para apresentar aos alunos do 5º D e do 5º E o livro, publicado este ano, Na Rota das 7 Luas, escrito por si e ilustrado por Ruben Zacarias. Esta foi a sessão inaugural da rubrica «5ª do Conto», dinamizada pelo professor Francisco Lopes, menbro da Equipa da Biblioteca.
Teresa Noronha explicou aos alunos que este livro nasceu da vontade de comunicar com o seu neto Rodrigo, de 4 anos, durante o confinamento. Estando fisicamente longe um do outro, houve a ideia de reforçar os laços que os uniam através de histórias, sete das quais (uma para cada dia da semana) formam a obra.
A autora cativou a assitência com a sua simpatia, generosidade, expressividade e talento, lendo várias dos seus contos – «A ervilha média e o pé de feijão», «A gazela amarela e o macaco peludo», «O azul, o amarelo e o verde» e «Nas margens do rio sem nome» – todos eles um incentivo à alegria, à solidariedade e à aceitação da diferença.
A Biblioteca da Escola Josefa de Óbidos celebrou, durante o mês de outubro, o Mês Internacional da Biblioteca Escolar.
Quanto tempo posso ficar com um livro em casa? Onde estão os livros do Astérix?… Começámos o mês com visitas à biblioteca para todas as turmas de 5º ano. Nestas sessões, todos os alunos ficaram a saber como está organizado o espaço e que serviços oferece. E ainda aprenderam como se chama cada uma das partes de um livro – a capa, contracapa, lombada, badana, miolo, folha de rosto, guardas.
Em seguida, organizámos atividades em torno do tema deste ano: «Contos de fadas e contos tradicionais de todo o mundo». Falámos a alunos de 5º e 6º anos sobre literatura oral, recordámos contos de fadas e seus autores. E houve hora do conto: lemos Corre, corre, cabacinha, na versão de Alice Viera, e fizemos a leitura sonorizada de Ombela, de Ondjaki / ilustrações de Rachel Caiano. Usámos um pau de chuva! Imitámos a chuva! Maravilhoso.
A turma 4ºB da EB Engº Ressano Garcia concorreu ao «Campeonato de Ciência e Escrita Criativa» promovido pela Editora 20|20, e alcançou o 3º lugar. Os livros da coleção O Clube dos Cientistas da foram o desafio para este campeonato, que promove o estudo das ciências através de obras de ficção. Os alunos escreveram um novo final para um dos títulos da coleção, incluindo um novo protocolo de experimentação científica. Muitos parabéns aos vencedores e às professoras Conceição Faria (professora titular) e Margarida Costa (professora bibliotecária), que os acompanharam!
Na sequência da oferta do livro Era uma vez eu, pela CML, e das sessões online com o escritor José Fanha, foi lançado um desafio às turmas do 2º ciclo. O mote foi uma frase da obra: «Cada um de nós é feito de muitas histórias maravilhosas ou terríveis que um dia nos aconteceram, coisas de ternura, de amizade, de surpresa, de espanto ou de medo.». Pedimos aos alunos que contassem uma memória sua, uma experiência inesquecível que tivessem vivido.
As vencedoras do concurso foram as alunas Alice Nobre, Maria Castro, Catarina Nunes e Carolina Pereira, que vão receber como prémio o livro Quero ser escritor, de Margarida Fonseca Santos. Eis as suas histórias:
«O pesadelo mundial»
Eu acho sempre que a hora mais angustiante, quando estamos nas aulas, é quando se ouve um barulho agudo. Significa que está na hora do intervalo.
Durante muito, muito tempo não se ouviu esse barulho. O único barulho era o do aspirador de alguém que tinha o microfone ligado.
Má internet era um pesadelo, tal como os irmãos mais novos a entrar pelo quarto adentro!
Todos fomos castigados. Foi como quando alguém faz alguma coisa, mas culpam-te a ti!
É injusto, eu sei, mas a vida é assim, cheia de altos e baixos!
Acho que ninguém vestia completamente a roupa. Púnhamos uma sweatshirt por cima do pijama e pronto! Toca a ir para a frente do computador!
As aulas, bem, eram estranhas e diferentes, mas eram engraçadas, especialmente quando alguém punha um fundo virtual e parecia que a cabeça estava a flutuar!
Todos desejávamos o fim daquele pesadelo.
Maria Castro, 5ºA
«A receita única que eu nunca irei esquecer»
Esta memória minha é uma das memórias mais guardadas por mim. Traz-me saudades e fico com vontade de reviver o momento com a minha querida e incrível avó.
Lembro-me de estar no Alentejo numa casa luminosa de campo, onde as ervas brilhavam e as árvores dançavam. Estava dentro de casa com a minha avozinha a dar abracinhos e a ver televisão, quando, de repente, a minha irmã caiu no sono e adormeceu, fez uma sestinha.
Nesse momento, eu e a minha avó decidimos fazer-lhe uma surpresa. Foi aí que eu senti que aquilo era uma memória que eu nunca ia esquecer.
Nós pegámos na farinha, no açúcar, na manteiga, nos ovos, no leite, nas pepitas de chocolate e no ingrediente secreto, o amor!
Eu punha a farinha, a minha avó, os ovos e todos os ingredientes a seguir uns aos outros; por fim, criámos a nossa receita única.
A nossa receita no forno a dar amor à casa.
Naquele momento percebi a sorte que tinha em ter uma avó assim! Este momento foi especial para mim porque às vezes sinto que, com o Covid, nunca mais vai voltar a acontecer.
Alice Nobre, 5ºA
«Mudanças»
No fim do meu 4º ano, percebi que muito ia mudar. Eu ia mudar de escola, passar para o 2º ciclo e conhecer muitas pessoas novas. Podemos dizer que eu estava nervosa.
O dia chegou e eu tive o que algumas pessoas iriam chamar de montanha russa de emoções. Quando eu vi a minha escola nova de perto, eu estava sem palavras. Era grande e bonita. Embora estivesse nervosa, não consegui conter o meu sorriso. Isto era o começo de algo novo. A abertura de uma nova porta na minha vida.
Inspirei fundo e entrei. O corredor, o pátio com o grande campo de futebol, a biblioteca com as grandes janelas, que deixavam toda a luz natural entrar e iluminar os livros, tudo era diferente. E o sorriso não saía do meu rosto. Eu tinha chegado muito cedo, então decidi tirar algum tempo para conhecer a escola e saber qual era a minha sala, para que não andasse à procura dela quando o sino tocasse.
E quando tocou, eu nem podia acreditar no que via. Uma avalanche de gente nos corredores. Eu sentia-me uma formiga numa escola para humanos. Rapazes e raparigas, todos parecendo muito mais velhos que eu, entravam nas suas salas, com os livros na mão, para a primeira aula do novo ano letivo.
Eu lembro-me de a primeira aula ser Ciências Naturais, uma disciplina de que eu até gostava muito. E lá estava o sorriso de novo. Eu percebi que alguns dos meus amigos da minha antiga escola estavam na mesma turma que eu, o que significava que eu não estava completamente sozinha neste novo ambiente.
O sino tocou para indicar o fim do dia. Arrumei as minhas coisas e saí. Aquele dia tinha sido um ótimo dia.
Catarina Nunes, 6ºG
«Passeio e recordação»
Esta história que vos vou narrar hoje passou-se num dia de inverno. Um dia diferente…Estava muito frio e um vento melancólico rodopiava na casinha amarela onde tudo aconteceu. A casa do meu avô.
Neste dia acordei muito cedo, ainda os galos não se dignavam a cantar a melodia que indica que as horas de sono leve acabaram e que chegou a hora de fugir daquele mundo só nosso que, em sonhos, conhecemos tão bem.
Dirigi-me apressadamente ao quintal. Lá posso pensar, sentir e ouvir a Natureza. Acabei por adormecer de novo. Acordei apenas quando um pêlo macio roçou na minha face. Era a minha égua favorita, a Alteza:
-Olá! – cumprimentei-a como se ela pudesse realmente entender as palavras mágicas criadas pelos humanos. Ela parecia desejar ardentemente algo que estava talvez distante, talvez mesmo ali ao nosso lado. Aí percebi!
-Ahh! Queres ir passear? É isso? – Alteza assentiu. Eu senti-me atormentada, pois aquela seria a primeira vez que montava sem a companhia reconfortante do meu avô.
Tempos depois lá estávamos nós nos campos verdejantes a saborear a brisa que dançava nos sons produzidos pela querida Alteza.
Ainda não tinha interiorizado que estava a ter aquela aventura linda. Nós galopávamos, felizes…
Naquele momento fechei-os. Fechei os olhos e senti tudo o que me rodeava.
Mas esta história, durante um tempo, morreu no meu pensamento. Depois de a Alteza falecer, eu já não tinha vontade de me lembrar do nosso tempo juntas. Mas agora sei que as lembranças são o que mantém os que nos são queridos dentro de nós.
No dia 11, António Torrado deixou-nos! A doença venceu a vida que nos deixou com uma vasta obra literária. Mais de uma centena de livros, em particular para a infância.
O Mercador de coisa nenhuma, A chave do castelo azul e outras histórias, Teatro às três pancadas e O veado Florido são algumas das obras escritas por António Torrado, distinguido, entre outros, com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.